Fala sobre asédio sexual via social media a uma menor,
concorrente do Master Chefe no Brasil. Fiquei a conhecer a campanha
#primeiroassedio ou em inglês #firstharassament e lembrei-me de partilhar com
vocês o meu primeiro assédio. Lembro-me bastante bem. Na altura morava no Poço
do Bispo e apanhava todos os dias o autocarro com a minha mãe para ir para a
escola primária em Xabregas. Era Carnaval e nesse ano a minha mãe vestiu-me de
Margarida, a pata namorada do pato Donald. Tinha umas collants brancas e uma
mini-saia de ganga preta e umas pinturas na cara. Não me lembro bem do resto da
idumentária. Devia ter uns 7 ou 8 anos. Iamos no 39, naquele lugar mesmo junto
a porta da saída do lado esquerdo, quando se sobia as escadas dos antigos
autocarros côr-de-laranja. Eu como sempre, gostava de ir no lado da janela. A
minha mãe sentada ao meu lado. Não me lembro da cara da pessoa em questão, mas
lembro-me de me sentir estranha, um certo nojo e repugno. Um homem que passou
grande parte do tempo no autocarro a olhar para mim, quando sai do mesmo bate
no vidro e manda-me um olha nojento enquanto lambe os lábios. Uma expressão
horrorosa, e eu sem saber bem o que fazer, olhei para ele com ar de nojo e
virei a cara. A minha mãe sentiu a minha agitação, eu sem saber muito bem o que
se passou disse-lhe que não foi nada. Mas foi sim, foi tudo. Foi a primeira vez
que realmente vivi assédio sexual. Mas nunca mais me esqueci de tal cena
macrabra e nojenta. Uma criança, um adulto a achar a sua mini-saia atraente. O
nojo dos nojos.
No comments:
Post a Comment