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Friday, 6 February 2015

Eu e o Libanês – Parte 2

Pois então… fomos jantar. Onde? A um restaurante Libanês. Ahahaha. Mas foi giro.
Apanhou-me em casa, ás 7:45 em ponto. Eu assim xpto, ele mais casual. Mas estava giro. O cabelo assim à Marlon Brando e os lábios carnudos com sorriso de menino dão-lhe um ar exótico. Não levei saltos. Queria ver o quão alto é o terrorista. É alto. (arriscaria cerca de 1,80 cm – eu, 1,69 cm) Isto tudo porque adoro beijinhos em biquinho dos pés. Já o Queijinho e o Ursinho são bastante altos. Cansei-me de porta-chaves. A aventura começa mal saio do prédio. Olho para a esquerda. Olho para a direita. Nem sinal dele. Recebo uma mensagem, estava no quarteirão errado, raio do garoto. Vem até mim. Cumprimentamo-nos, dá-me um abraço apertado. Um beijo na cara e diz-me: “UfffI am so happy you are still cute. Better than I remembered.” Ao que eu dou uma gargalhada e lhe pergunto se estava com medo de, na sexta-feira passada, ter tido a visão toldada pelo álcool. Vamos para o carro e seguimos em direcção ao restaurante. Conta-me que, para sair da sua “confort zone” teve aulas de Kizomba e põe uma a tocar. Dá-me vontade de rir. Mas ele sabe que tal música, em Lisboa está tão associada a Chelas, a malta chunga e de “faca na liga”. Rio-me, mas não lhe conto. Ainda. Um dia destes. A conversa flui. Falamos de Vancouver, Beirute. O sotaque francês é mesmo sexy. Damn it! Mas contenho-me. Contenho-me sempre. No entanto admito que há ali qualquer coisa que é meio um turn off. Mas ainda não descobri bem o quê. Fala-me da mãe. Das 2 irmãs que ainda vivem na Libia. É o mais novo. Mimaaaado! Derepende, só vejo um carro enorme em grande velocidade na nossa direcção. O tempo parece parar, por instantes. As luzes do Cadilac Escalade que, do nada, decide seguir em frente mesmo depois de ter feito sinal para virar a direita ofuscam-me. Paralisada, sustenho a respiração por segundos. O mundo parou. Juro-vos. Esta tudo bem. Não se passou nada. Começo, instintiva e nervosamente a rir a gargalhada. Ele não sabe o que dizer senão ”I am sorry. Are you ok?” Eu continuo-me a rir. O coração parece que me sai pela boca. Entretanto digo-lhe que sim, que estou bem. “All is well, Ana” penso para mim. Mas bolas, foi cá um cagaço. Acabamos os dois, por rir da situação. Mas consegue-se perceber que ele está bastante “embarrassed” com a situação.
Chegamos ao restaurante. Lugar mesmo à porta. É giríssimo. Tudo em madeira, ferro e tijolo. Parece uma pequena cápsula. Ora vejam lá. Escolhemos uma mesa à janela. Os menus chegam. Digo-lhe para escolher, afinal ele viveu em Beirute grande parte da sua vida sabera bem melhor do que eu (especialmente porque sou uma esquisita dum raio!). Escolhe diferentes tipos de hummus, uma salada, um prato de peixe – visto que lhe contei que sou praticamente vegetariana e não gosto de comida picante. Ele também não. Ensina-me a comer com o pão pita. Diz-me ele: ”No, you gotta double fold it. Like this, and then dip it”. Eu: Ok, but I must tell you I am not got at following instructions, so I’ll try. Nop. Doesn’t work for me. Doing it my own way.” Ao que ele responde: “Stubborn, cat woman”. A conversa continua a fluir. Voltamos ao assunto do nosso “quase acidente” e diz-me com voz de pseudo-mau: “You know, I am a great driver. It runs in my genes. My dad used to race in Beirut. Professional race driver”. O uso do verbo no passado faz-me crer que o pai já faleceu. Lembro-me do meu pai e das saudades que tenho dele. Conta-me que acabou por seguir engenharia por infliencia do pai, quer era tambem engenheiro. Mas que não se arrepende. Gosta do que faz. Cresceu numa situação bastante privilegiada. Andou em escolas privadas. Como Beirute, em tempos foi uma colónia francesa a alta sociedade aprende frances desde muito cedo. O gajo gosta de mim. Tenta-me agarrar a mão. Mas eu não dou muita trela. Estou interessada. Eu sei que sim, mas o Ursinho ainda ocupa um lugar enorme na minha alma. Nem sei bem porquê. Não falamos há uns quantos dias. Mas a Saudade aperta e não consigo deixar de me sentir culpada por estar ali a jantar com o Libanês. Eu sou assim, emocionalmente mais fiel que um cão mas o meu sexto sentido diz-me que tenho de começar a “let it go”. Isto de o Ursinho “não saber” ao certo as datas dos treinos para Abril está a dar cabo de mim. Não sei se está a mentir. Mas também já lhe dei o “perfect out” mas o gajo não disse que nao. Mas em última instância, também não disse que sim. Decidi não pensar mais no assunto. Deixar as coisas correr. Falar com ele de quando em vez "and keep my options option by not putting all my eggs in one basket”. Agora, ando a explorar a cesta do Libanês. O resto logo se vê.
Depois do jantar, acabamos por ir a um bar beber uma cerveja. No kissy kissy. Noooooo. A primeira vez que saímos, não o vou beijar nem deixa-lo esticar-se muito. O meu perfume parece que dá com ele em doido. Bebemos uma cerveja, o flirt continua. As tantas ele beija-me o pescoço e digo-lhe que já está a atravessar a linha. Que é melhor se pôr em sentido. Nota-se que ele está cansado. Passo-lhe a mão pelos cabelos e digo-lhe para irmos para cama. Ele ri-se e rectifico: “Eu pra minha e tu pra tua”. Sorrimos os dois, ele paga a conta e vamos embora. Ainda insisti para pagar as bebidas, mas ele diz que não. Desta vez não. Quando vamos para o carro é que finalmente consigo entender o que é o meu turn off. Há ali qualquer coisa que não grita “HOMEM” aos meus ouvidos. Acho que as meninas entendem. Já vos aconteceu conhecerem um gajo giríssimo, interessante, mas depois parece que tem assim uns toques meio femininos? Mas não são gays. De maneira nenhuma. E tem carisma e flirt. Mas há ali qualquer coisa que me faz sentir meio incomodada e não querer olhar bem para ele porque não quero ter a certeza. Desta vez não me quero auto-sabotar com merdas da minha cabeça. Vou deliberadamente dar-lhe uma chance. Não tenho nada a perder. E o miúdo parece ter bom coração. É boa pessoa, e parece que nos entendemos. Assim como assim, é como diz a Avó Alda: a vida são dois dias. O carnaval são três.

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