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Wednesday 15 July 2015

Não há falta de amor, há falta de saber amar

Do alto dos seus meros 17 anos, a Ana Luisa sabe mais, entende mais do que muitos com o dobro da sua idade e experiencias. Obrigada por estas palavras.

Colocando os exames nacionais de lado, optei por quebrar o negativismo que infelizmente nos priva de tudo o que há de magnífico na vida e, como tal, tentei aventurar-me por temas menos dissertados mas com uma importância tão ou mais elevada do que aqueles que são frequentemente discutidos.  Hoje quero extinguir o estereótipo de que os peritos das temáticas mais abstrusas são só os “crescidos”.
Primeiramente, como é que tencionamos viver num mundo onde as mais sublimes aventuras são colocadas num plano secundário? Numa sociedade onde os bens materiais têm muito mais valor do que as emoções humanas, é inevitável atingir o ponto catastrófico onde nos encontramos agora. Os dias que hoje se vivem não são apenas um período na História, são a nossa realidade. É urgente corrigir a rota da humanidade de acordo com os novos parâmetros do mundo para garantir a qualidade do futuro.
Qual é o nexo de implicação lógica da nossa curta estadia na Terra? É bastante simples: para além de mostrar compaixão assiduamente, o sentido da vida é o de cada um de nós ser capaz de lhe atribuir um sentido. Será possível viver de forma plena sem nunca questionar o que é tudo isto? Qual é o sentido de estarmos aqui, agora, e não noutro lugar ou noutro corpo? Porque não questionar o sentido da vida, o nosso sentido?
Viver de forma plena engloba temas muito mais complexos do que a banalidade dos tópicos dos bens materiais, da felicidade momentânea, etc. Viver de forma plena diz respeito a sermos capazes de responder aos nossos próprios problems; viver de forma plena de modo a que sejamos a nossa própria razão de bem estar. A verdade é que, quem é inteiro para si mesmo, não precisa de procurar a sua metade.
Como tal, sabemos que vivemos de modo pleno quando, ao efectuar uma introspectiva, nos agrada o que “vemos”. É necessário vontade de estar em paz, é necessário ser incansável na procura dos porquês e é ainda mais indispensável sermos cheios. Cheios de nós próprios, cheios do mundo e da vida, cheios de sentido e de amor. Damos sentido à vida e a vida dá-nos sentido a nós.
A grande resposta ao problema encontra-se no nosso modo de ser e de agir. Uma parte essencial do nosso processo de crescimento são as relações que estabelecemos uns com os outros. Esta é, talvez, a nossa componente mais difcil de compreender. Quando gostamos de outra pessoa, porque nos sentimos atraídos? O que é gostar de alguém? Como funciona o mecanismo de atracção?
O ser humano atravessa inúmeras fases de crescimento que o definem, caracterizadas pelos seus antagonismos; todavia, existe algo que se mantém sempre constante: a procura. Não somos seres solitários e, como tal, todos temos necessidade de estar rodeados por quem nos agrada. Ainda assim, um corpo não escolhe ser atraído por outro. Nós não temos opinião a dar, e vivemos efectivamente dessa maneira. Passamos a vida entre impiedosas lágrimas e alegrias frenéticas que não estão propriamente sob o nosso controlo. Mas estar vivo é isso mesmo, não é verdade? Estar vivo não é mais do que, uma vez lançados os dados, saber arcar com as consequências das jogadas mais arriscadas. Esperamos que o tempo contagie ritmo ao coração, um jogo de paciência no qual o próprio tempo leva o seu tempo.
Por maior ou menor que seja a necessidade sentida, é inegável a eficácia da nossa capacidade psicológica para procurar alguém. A autosuficiência do cérebro aproveita-se da ingenuidade do coração que imediatamente fica “apanhado”. Mas não é por qualquer um. É aquele alguém que passa a ser o nosso todo, toda a nossa razão de felicidade, toda a nossa razão de fraquejar. Amar é expôr tudo o que somos, é confiar o nosso coração a alguém que o pode partir, acreditando que isso nunca irá acontecer.
Ainda assim, o amor fere descaradamente, faz-nos lacunas na auto-confiança, cobre-nos de medos e inseguranças. O coração é frágil e tudo pode acontecer pois estamos literalmente submissos à dúvida. A incerteza leva-nos a construir barreiras, torna os nossos pensamentos esquizofrénicos. No entanto, estes aspectos menos positivos não justificam a falta de empatia que demonstramos uns pelos outros.
Hoje, o amor como outrora o conhecemos escasseia. São cada vez menos os “olá” a partir dos quais tudo se inicia. Em vez de se trocarem olhares, trocam-se tiros de metralhadora. O amor é a base do nosso sucesso como um todo, o amor é a razão pela qual vale a pena estar vivo e pela qual tudo o que nos diz respeito faz sentido.
O facto a reter é o seguinte: não há falta de amor, há falta de saber amar.
Mas toda esta reflexão não é mais do que a pura inocência de uma adolescente que escreve estes parágrafos numa louca montanha-russa a que damos o nome de vida.
O meu nome é Luísa Moreira, tenho 17 anos e sou de Lisboa.  Na minha vida existe sempre tempo para os cavalos e a literatura.  A escrita é tão essencial que não me imagino sem poder escrever. As letras dão-me asas.

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